terça-feira, 18 de maio de 2010

Resenha: Menino Maluquinho - O Filme (1994) Helvécio Ratton

Se existe uma fase na vida da gente que faz falta é a infância. A época da inocência, do tempo em que toda e qualquer preocupação era o medo de levar bronca dos pais, das brincadeiras incessantes e da rebeldia ao tempo. O tempo, é na base dele que Helvécio Ratton fez Menino Maluquinho - O Filme, baseado no livro ilustrativo infantil criado pelo cartunista Ziraldo na década de 80.

Maluquinho é uma criança esperta e sapeca que saboreia o que há de melhor na infância. No filme, não há um enredo, são apresentadas sucessivas artimanhas do garoto que vão dos pais que são chamados na escola, passando pelo divórcio dos mesmos e a perda de um ente querido.

Reprisado incansavelmente na finada (não é mais a mesma) Sessão da Tarde da TV Globo na década de 90 (o filme é de 94), Menino Maluquinho - O Filme é o retrato da infância da geração jovem de hoje. Samuel Costa, hoje publicitário, está muito bem no pepel título. O filme é uma graça, nostálgico, tocante e fiel ao universo que retrata. Como disse no início, o longa trata do tempo. Na infância ele é ignorado e é cruel, passa levando consigo o que jamais vai voltar. Na sequência mais significativa, Maluquinho em uma cena extraordinária para um filme infantil, dança com uma fada madrinha sobre um relógio gigante ao som de uma canção de ninar. É um sonho.

No fim, durante a euforia do torneio "internacional" de futebol o filme acaba e não se sabe que time ganhou. Não interessa. O narrador entra e diz: "...teve uma coisa que o menino não conseguiu segurar: o tempo. Aí, o tempo passou e como todo mundo, o Menino Maluquinho cresceu. Cresceu e virou um cara legal, o mesmo. E foi aí que todo mundo descobriu que ele não tinha sido um menino maluquinho, ele tinha sido um menino feliz."

Por mais que o tempo seja cruel levando o que não devolverá, nos trás algo novo e incrível e deixa como consolo a saudade e as boas lembranças. A música tema composta e interpretada por Milton Nascimento só reforça as estruturas de uma obra simples, despretenciosa, mas que atinge a excelência ao retratar a era de ouro de todos nós.

» Avaliação: 8.0

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