Na primeira cena de Os Olhos Sem Rostos (Les Yeux Sans Visage, 1960), quando a câmera ilumina impressionantemente árvores aparentemente sem vida numa estrada isolada na noite, vemos que o filme entregará uma estética impecável. Rejeitado pela crítica na época de seu lançamento, ele ganhou espaço e prestígio com o passar dos anos, sendo hoje uma obra-prima absoluta do horror. O filme francês deve seu requinte ao fotógrafo alemão Eugen Schüfftans, que mergulha o filme num branco lindo de morrer impermeabilizado pelo preto junto aos cenários (principalmente a mansão do Dr. Génessier em seu interior) imponentes e sofisticados.
O roteiro fantástico narra a apavorante história de um cirurgião que se torna um assassino frio em série com ajuda de sua assistente. Com o desenrolar dos fatos, descobrimos que tudo isso teve início num acidente de carro que desfigurou o rosto de Christine, sua filha. Ele dirigia o carro e agora vive atormentado pela culpa desenvolvendo então, uma técnica de transplante de rosto, buscando desesperadamente reconstituir a beleza de Christine. Ele obteve êxito em sua assistente Louise, mas o rosto de Christine rejeita os enxertos, levando o médico a matar e mutilar belas jovens, fazendo com que as coisas saiam do controle. Para não levantar suspeitas, ele forja a morte da filha.
Georges Franju dá uma aula de terror, pois não se apóia em nenhum elemento típico do gênero. O rosto desfigurado de Christine só aparece uma vez, assim mesmo desfocado. Franju, muito sofisticado, se utiliza de artifícios invisíveis para criar sua atmosfera macabra. A máscara branca que esconde o rosto da menina, os latidos dos cachorros que são mantidos prisioneiros e outrora foram cobaias do cirurgião latindo incessantemente no porão também contribuem para momentos de gelar a espinha.
A glória do filme deu-se em 2004, quando a Criterion o lançou num DVD irreprochável, com imagens e o áudio restaurados de forma tão límpida que logo sonho com uma edição blu-ray pelo selo americano.
O golpe de mestre se dá quando os fatos deságuam inevitavelmente numa trama policial e o diretor dá corda para o noir se enforcar. Uma saída genial que, após assistir a uma obra assim, de final metafórico e duro de engolir, qualquer um morre feliz. Eu babei em cada quadro.
Georges Franju dá uma aula de terror, pois não se apóia em nenhum elemento típico do gênero. O rosto desfigurado de Christine só aparece uma vez, assim mesmo desfocado. Franju, muito sofisticado, se utiliza de artifícios invisíveis para criar sua atmosfera macabra. A máscara branca que esconde o rosto da menina, os latidos dos cachorros que são mantidos prisioneiros e outrora foram cobaias do cirurgião latindo incessantemente no porão também contribuem para momentos de gelar a espinha.
A glória do filme deu-se em 2004, quando a Criterion o lançou num DVD irreprochável, com imagens e o áudio restaurados de forma tão límpida que logo sonho com uma edição blu-ray pelo selo americano.
O golpe de mestre se dá quando os fatos deságuam inevitavelmente numa trama policial e o diretor dá corda para o noir se enforcar. Uma saída genial que, após assistir a uma obra assim, de final metafórico e duro de engolir, qualquer um morre feliz. Eu babei em cada quadro.
» Avaliação: 9.0
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