sábado, 17 de novembro de 2012

Frankenstein (1931) James Whale

 
Nunca fui muito fã do cinemão clássico de hollywood, de fotografia P&B aguada e difusa, diálogos sempre muito rápidos buscando tom de graça. No entanto, o cinema de horror sempre me encantou e apesar de ter visto pouco desse gênero de cinema da década de 30, descobri recentemente um ponto de partida não menos que curioso para discussões políticas. O diretor britânico James Whale fez para os estúdios da Universal em 1931 um de seus maiores sucessos de bilheteria da época, Frankenstein.
 
Baseado na obra homônima de Mary Shelley, o roteiro foi mesmo adaptado de uma peça teatral. Do romance de Shelley, ficou apenas a história de um médico ebssessivo em criar vida. Herr Frankenstein largou a universidade de medicina pois achava que os corpos usados nas dissecações não lhe serviam para seus experimentos. Passou então a trabalhar na obscuridade, trancafiado num castelo, sempre com a ajuda de seu empregado corcunda, saindo à noite para roubar cadáveres de recém mortos. Com a criatura já montada, lhe faltava um cérebro, seu subordinado então vai à universidade e rouba o cérebro de um criminoso do laboratório. Eis que nasce o monstro.
 
Interessantíma a forma como as coisas caminham daí por diante, pois o Dr. Frankenstein não dá nome à sua criatura, rejeitando-a já que a mesma transformou-se num monstro agressivo. Frankenstein, a criatura, ansioso por vida foge do castelo e na cena mais emblemática do filme ele encontra uma garotinha que lhe chama pra brincar oferecendo-lhe uma flor, jogando outra no rio. Inocente, Frankenstein pega a menina no colo e lança também ao rio, passando a ser perseguido agora por toda a população da cidade. Em todas as adaptações de Frankenstein ele é pintado como uma aberração.
 
Pensar a forma como a sociedade criou a ideia do criminoso é a parte mais gostosa disso tudo. Quer dizer, a medicina montou e cometeu um "erro" juntando ao corpo um cérebro de um criminoso. O problema é que não nascemos prontos e o cérebro sem um corpo é nada, ele só processa o que o corpo recebe todo o tempo. Frankenstein já nesceu adulto e foi constantemente agredido, humilhado e aprisionado por conta de traços agressivos em seu comportamento. Lógico que não daria em outra, o que sobra a gente distribui.
 
No fim, e isto não é um spoiler, Frankenstein será perseguido até a morte, sendo queimado vivo em um moinho de vento, sem ter tido chance de aprender a falar, a ler, a pensar o mundo, muito menos conhecer seus limites. Porque força só vem à tona quando encontra limites.
 
 
 

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Mat Kearney (2011) Young Love


Estava vendo o Mat Kearney no Jay Leno e meio que babei uns litros com o talento do cara. O áudio estava tão linear e a voz tão segura que duvidei ser ao vivo (mas era). Kearney vem amadurecendo/evoluindo muito ao longo da carreira, seu último trabalho, City Of Black and White é um dos grandes discos do pop e digo sempre que ele é o que o John Mayer deveria ser. Eu particularmente tenho muita preguiça de ouvir John Mayer, sério. Acho ele muita embalagem pra pouco conteúdo. Não é ruim, mas não me convence de ser um grande cantor.

Mat Kearney é o tipo de cantor americano que faz música que consequentemente cai em trilhas sonoras de dramas água com açúcar por conta das letras de fácil assimilação, contudo Kearney é muito maior que tudo isso e tem deixado a galera de orelha em pé. Ano passado só lançou um single, "Head or Your Heart" e nenhum disco, até que divulgou que seu novo álbum estaria sendo gravado, intitulado "Young Love". De acordo com o próprio Kearney, o título se refere a um amor prematuro e inocente como ele descreve de forma humorada em
"Young Dumd And In Love": "I said, “Have we met before?” \ She said, “No, it’s only noon.” \ Uh oh… to be young and dumb and in love \ Baby, you got me ten feet off the ground \ I’m talking too much, and you don’t make a sound..."

O primeiro single do disco, "Hey Mama" refere-se à sua esposa e figurinista, Annie. Kerney que estudou Literatura é o romantismo em pessoa, e o disco é permeado por baladas açucaradas que gritam letras bem escritas. Seu novo álbum está no terceiro dia consecutivo em primeiro lugar no top albums do iTunes e estou feliz por ele. O cara merece tudo de bom, esperei esse disco contando os dias nos dedos e a recompensa veio em belíssimo verde fluorescente. Disco simples, sincero e com produção encantadora de Robert Marvin e Jason Lehning.

Que "Ships In The Night" ganhe o mundo.

» Avaliação: 8.5

quarta-feira, 13 de abril de 2011

O sueco magro.



No post abaixo eu falei sobre essa história de bandas que não se dão mais ao luxo de criar uma carreira, e sim lançar projetos paralelos. Aconteceu com uma das minhas bandas preferidas, o The Perishers que foi encostado e o vocalista Ola Klüft lançou carreira solo sob o pseudônimo "A Lanky Swede". O engraçado é que é a mesma coisa do The Perishers, com melodias redondinhas e o ar bucólico. A mesma coisa.


Belo trabalho, mas não entendo por que colocar a banda de molho e lançar mais do mesmo disfarçado de novo.

domingo, 3 de abril de 2011

What did you expect from The Vaccines?



E o The Vaccines? Finalmente o disco saiu e o fogo abaixou deixando claro que não se deve confiar em burbúrios de sites de música, mas não é que dessa vez eles estavam certos? O The Vaccines é realmente uma banda inglesa do caralho que finalmente lançou seu debut com no mínimo meia dúzia de faixas grudentas.

É o velho rock de menino pra menina, mas é também delicioso. Ouvi alguma coisa que foi solta pelos garotos antes do lançamento do álbum e gostei muito e a imprensa dizer que é a salvação do rock é um tanto quanto exagero, contudo mesmo o The Vaccines bebendo de fontes que a maioria das bandas bebe que é a regressão às décadas passadas, eles foram para o fim dos 70, o pós-punk e lançaram um desafio: "What did you expect from The Vaccines?" O bicho pegou. O The Vaccines vem com essa ousadia logo quando a banda mais famigerada do início da década volta de um jejum de 4 anos, o Strokes. Davi tentando desafiar o gigante novamente.

O resultado é positivo, digo logo sem demora. O disco é ensolarado e abre uma estação de singles românticos e viciantes como "If You Wanna", "Blow It Up", "Post Break-Up Sex" e "Wreckin' Bar". Disco curto e sem muita falação é do mesmo nível que o "Under Cover Of Darkness" do Strokes. O disco da turma do Casablanca parece estar apostando fichas, se lançando no mercado como medidor de aceitação mesmo com uma legião que jura apoio de pés juntos. É muito mais prático lançar projetos diferentes a todo o tempo (como faz o Jack White) que tentar consolidar uma banda. Engraçado que o Strokes, que no início dos anos 2000 veio pra acabar com a chatice que começou na segunda metade da década noventista, chegou de jaqueta e calça apertadinha sem fazer muita novidade. Na verdade o que aconteceu foi o mesmo que com o The Vacinnes: frescor e malandragem.
 
Comparações à parte e ironia ou não, o Vaccines já foi confirmado para o próximo Planeta Terra, assim como aconteceu com o Two Door Cinema Club na última edição. Isso só reforça o fato de que o povo não quer mais saber de som inovador, eles querem sangue novo e o do The Vaccines está cheirando a leite.

P.S.: E a arte "wanna be 70's"?


» Avaliação: 8.0

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Ficadica: Freddy Wexler / Freddy and the Dials


Até hoje eu não sei muito quem é Freddy Wexler. Quando o conheci há uns 5 anos atrás no Pure Volume, ele atendia somente por Freddy. Pouco tempo depois veio Freddy and The Dials, sua banda, e assim "ele" passou a ser chamado. Desde quando o conheci que procuro suas músicas na rede e foram anos de busca, desenfreada, em tudo quanto era lugar. Pra falar a verdade, nos últimos 2 anos eu lembrei dele muito pouco e foi assim, de bobeira, que achei as músicas pra download.

Freddy Wexler, como acho que é chamado agora, causa um certo burburinho lá fora, principalmete em New York. É bem cult, tem um fã clube minúsculo e fiel, e tals (o que não é justo - ou é, não sei). Bom demais.

*A raridade está nos comentários.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Ficadica: Tapes 'N Tapes (2010) Outside


Banda americana. Indie rock. Nada de novo. Ótimo disco:

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1


Semana passada fui conferir pela segunda vez Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1 antes de fechar o ano. Temi que com esse sétimo episódio da saga Potter, eu me impressionasse de cara e depois me desse conta que não era tudo aquilo, como já aconteceu antes. Pois bem, vi e revi e o filme é deveras bom.

Como adaptar livros não é tarefa fácil pelo tempo hábil que se tem em prender o público na cadeira, dividir a última parte em duas foi a melhor decisão e talvez o segredo de seu sucesso fora do círculo fanático. O filme é paciente mas não chega a causar incômodo. Seria essa a melhor fotografia (assinada pelo português Eduardo Serra) ou a de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban (de longe o capítulo de melhor apuro visual chefiado por Alfonso Cuarón)? Aqui a casa dos Weasley lembra os frames de Days Of Heaven, de Terrence Malick, uma coisa incrível. Não posso deixar de falar do mau aproveitamento que Yates fez com o elenco fazendo até a linda Emma Watson soar insossa por vezes (niguém executa o Obliviate com mais beleza).

Cresci com a série, nunca li os livros, nunca escrevi sobre um dos filmes antes e pra mim vai deixar saudade. Como foi tudo rodado de uma só vez, imagino que a segunda parte terá o mesmo calibre. Não vejo a hora.